quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Festival na escola relembra a juventude nos anos de chumbo



       Anos 70 e 80, a época de ouro dos festivais de música no Brasil que agitavam a juventude. No período dos anos de chumbo, a Ditadura Militar (1964-1985), os Festivais de Canção eram a forma que muitos jovens que se sentiam reprimidos viam condições de lutar contra a repressão e as torturas impostas pelo governo ditatorial e repressivo daquele momento. Em Blumenau, no mesmo período, era realizado o Festival Estudantil da Canção (FEC), no Colégio Pedro II.
                    Em meio à tanta repressão, se expressar através do som era uma forma que a juventude calada podia  dizer, mesmo que subjetivamente, o que pensavam, tentando acabar assim com a tamanha violência do período militar no país. Grandes nomes da música brasileira surgiram neste período: Eduardo Dusek, Zé Ramalho, Guilherme Arantes, Tetê Espíndola, Raul Seixas, Leila Pinheiro, entre outros, fizeram sucesso com canções que impulsionaram toda uma geração.
                               Relembrando e buscando trazer a discussão em sala de aula, e visando melhorar a relação dos jovens com a instituição - despertando o senso crítico do mundo que os cercam -,  no dia 19 de novembro foi realizado na Escola de Educação Básica Frederico Hardt, o 1º Festival da Juventude. Os estudantes dos terceiros anos, na parceria das disciplinas de Artes, Filosofia, Língua Portuguesa e Sociologia, recordaram por meio de músicas, poesias, artes plásticas e danças, os anos de chumbo no Brasil. Muita agitação e criatividade surpreendeu quem passou pelo auditório professora Átela Jennich, que estava decorada com luzes colorida e alguns painéis temáticos.
       Uma metodologia diferenciada e como forma de se pensar numa ação integral do aluno com a escola, foi assim que nasceu a ideia do evento. Segundo a professora de Língua Portuguesa, Anna Lenzi -  uma das articuladoras da proposta - a iniciativa é de extrema importância para fazer os jovens refletirem sobre os acontecimentos e as transformações sociais históricas depois deste período conturbado de nossa História. “A proposta do Festival da Juventude era dar um enfoque no conhecimento, a partir da arte – literária, plástica e musical. Estas manifestações artísticas estimulam a aprendizagem e a curiosidade, já que estas são reflexos dos acontecimentos sociais”, diz Lenzi.
       Mas, antes de chegar ao resultado apresentado no festival, os alunos tiveram que conhecer e pesquisar sobre os 50 anos de Ditadura Militar, os 30 anos da redemocratização brasileira e o movimento Diretas Já (1983-84), que levou milhares de pessoas, que exigiam o retorno das eleições presidencias direta no país, às ruas reivindicando à favor da democracia. Para o estudante Jorge Pavanello, a expectativa para a realização do evento tornou o resultado ainda melhor. “Houve a colaboração de todos, cada um com sua criatividade e empenho, o que tornou o momento muito agradável e satisfatório. A organização do povo brasileiro no período de redemocratização foi impressionante”, diz Pavanello.
Além das apresentações, os estudantes que participaram da proposta também montaram uma fanpage no Facebook, que possui mais de 200 membros e que foi criada nas aulas de Sociologia, com o título “Somos Tão Jovens”, referência ao filme de 2013 e que relembra a juventude de Renato Russo e a criação da banda punk Aborto Elétrico, que se formou em Brasília na década de 70, e depois o levou à fama nacional com a banda Legião Urbana. O que é ser jovem hoje? Respondendo a esta pergunta, o objetivo da criação coletiva fosse antes pudessem socializar pequenos vídeos de própria autoria.
Um dia diferente, que trouxe à reflexão sobre um momento histórico de nosso país!




Reportagem e Fotografia: Daniel Lemes  - MTB 5209/SC