Anos 70 e 80, a
época de ouro dos festivais de música no Brasil que agitavam a juventude. No
período dos anos de chumbo, a Ditadura Militar (1964-1985), os Festivais de
Canção eram a forma que muitos jovens que se sentiam reprimidos viam condições
de lutar contra a repressão e as torturas impostas pelo governo ditatorial e
repressivo daquele momento. Em Blumenau, no mesmo período, era realizado o
Festival Estudantil da Canção (FEC), no Colégio Pedro II.
Em
meio à tanta repressão, se expressar através do som era uma forma que a juventude
calada podia dizer, mesmo que
subjetivamente, o que pensavam, tentando acabar assim com a tamanha violência
do período militar no país. Grandes nomes da música brasileira surgiram neste
período: Eduardo Dusek, Zé Ramalho, Guilherme Arantes, Tetê Espíndola, Raul
Seixas, Leila Pinheiro, entre outros, fizeram sucesso com canções que
impulsionaram toda uma geração.
Relembrando e
buscando trazer a discussão em sala de aula, e visando melhorar a relação dos
jovens com a instituição - despertando o senso crítico do mundo que os cercam
-, no dia 19 de novembro foi realizado
na Escola de Educação Básica Frederico Hardt, o 1º Festival da Juventude. Os
estudantes dos terceiros anos, na parceria das disciplinas de Artes, Filosofia,
Língua Portuguesa e Sociologia, recordaram por meio de músicas, poesias, artes
plásticas e danças, os anos de chumbo no Brasil. Muita agitação e criatividade
surpreendeu quem passou pelo auditório professora Átela Jennich, que estava
decorada com luzes colorida e alguns painéis temáticos.
Uma metodologia
diferenciada e como forma de se pensar numa ação integral do aluno com a
escola, foi assim que nasceu a ideia do evento. Segundo a professora de Língua
Portuguesa, Anna Lenzi - uma das
articuladoras da proposta - a iniciativa é de extrema importância para fazer os
jovens refletirem sobre os acontecimentos e as transformações sociais
históricas depois deste período conturbado de nossa História. “A proposta do
Festival da Juventude era dar um enfoque no conhecimento, a partir da arte –
literária, plástica e musical. Estas manifestações artísticas estimulam a
aprendizagem e a curiosidade, já que estas são reflexos dos acontecimentos
sociais”, diz Lenzi.
Mas, antes de
chegar ao resultado apresentado no festival, os alunos tiveram que conhecer e
pesquisar sobre os 50 anos de Ditadura Militar, os 30 anos da redemocratização
brasileira e o movimento Diretas Já (1983-84), que levou milhares de pessoas,
que exigiam o retorno das eleições presidencias direta no país, às ruas
reivindicando à favor da democracia. Para o estudante Jorge Pavanello, a
expectativa para a realização do evento tornou o resultado ainda melhor. “Houve
a colaboração de todos, cada um com sua criatividade e empenho, o que tornou o
momento muito agradável e satisfatório. A organização do povo brasileiro no
período de redemocratização foi impressionante”, diz Pavanello.
Além das apresentações, os estudantes que participaram da
proposta também montaram uma fanpage no Facebook, que possui mais de 200
membros e que foi criada nas aulas de Sociologia, com o título “Somos Tão
Jovens”, referência ao filme de 2013 e que relembra a juventude de Renato Russo
e a criação da banda punk Aborto Elétrico, que se formou em Brasília na década
de 70, e depois o levou à fama nacional com a banda Legião Urbana. O que é ser
jovem hoje? Respondendo a esta pergunta, o objetivo da criação coletiva fosse
antes pudessem socializar pequenos vídeos de própria autoria.
Um dia diferente, que trouxe à reflexão sobre um momento
histórico de nosso país!
Reportagem e Fotografia: Daniel Lemes - MTB 5209/SC